09 diciembre 2008

Críticos!

Teatro: Barbara Heliodora critica peça com texto de Domingos de Oliveira
Publicada em 04/12/2008 às 12h19mBarbara Heliodora


RIO - Não é fácil escrever alguma coisa lúcida a respeito de um espetáculo mais ou menos incompreensível, no qual ficam misturados a sci-fi dos tempos do Flash Gordon, em versão para crianças, trechos ufológicos, de pseudociência e messiânicos, onde logo depois de ser proclamada a não-existência de Deus, deuses são invocados com considerável freqüência.
O texto de Domingos Oliveira, com o pomposo título de "Sombras coloridas do planeta de luz eterna", que ele afirma ter por base textos clássicos de ficção científica, não consegue realmente engendrar alguma idéia nova ou significativa, com episódios confusos em si e incapazes de formar um todo válido.
Há muitas viagens intergaláticas, supostas civilizações antes desconhecidas e todo esse tipo de lugar-comum do gênero, mas realmente nada parece justificado.
A encenação é simples (ou pobre), calcada apenas na iluminação de Cadu Fávero, que é pouco inspirada e muito modesta, com figurinos simples (a maioria uniformes), e uma trilha de Domingos Oliveira e Lincoln Vargas, que mistura o minimalismo com Beethoven e Strauss.
A direção é de Lincoln Vargas, com marcas que lembram ordem unida e/ou movimentos robóticos, com alto percentual das falas gritadas e todo o elenco com a mesma entonação e o mesmo ritmo, o que resulta bastante monótono. Mas o pior é que, com o texto incapaz de criar qualquer noção de descoberta ou objetivo idealizado a ser buscado, as interpretações também ficam limitadas.
O elenco e sua distribuição são o bastante para ilustrar a confusão em que o texto nos afunda: Amima Luniz = Alma do Poço; Bia Junqueira = Miss Stanley (cientista de Júpiter); Cacau Berredo = Jesuíta; Daniel Calmon = Impulso; Miguel Oniga = Fred Fowler (cientista de Júpiter); Marcelo Cavalcanti = Cachorro, Falante; Marcio Mariani = Narrador de Marte; Marcelo Dias = Narrador de Júpiter; Mariana Costa Pinto = cena de casal; Ricardo Monteiro = Capitão Marte, Parede; Daniel Gawas = Paredes; Yuri Carroso = Paredes; Marcela Figueira = Alimentador; Fernando Melvin = Motor; Jorge Neves = stand in, participou da cena no escuro. Fica difícil juntar tal elenco em algo mais interessante, pois todos são reduzidos a figuras mais ou menos iguais (a não ser os cientistas, caricaturados de HQs).
Infelizmente, o Teatro do Jockey abriga um espetáculo que não chega a ter sentido ou a apresentar qualquer atrativo.

“Crítico é a pessoa que se meteu entre o artista e o público, sem que nenhum dos dois tenha convidado.”

3 comentarios:

Dani Barbosa dijo...

Sem comentários.

Simonetta dijo...

amei a definição de crítico.
conversavamos sobre isso hoje aqui, você acredita?
sei que acredita.
ai que mundo confuso!
beijos

Dani Barbosa dijo...

Acredito claro, pq estamos sempre juntas!

Amo muito!