31 agosto 2010

palavra calada

e ficou ainda uma última palavra
dependurada nos lábios
a pobre palavra, se agarrava com toda força nos últimos fios de cabelo
seus dedos quase escorregavam, mas ela então se segurava com mais força ainda
e não se deixava cair
não se deixava falar
calava-se

foi então que a boca percebendo o desespero da palavra
a engoliu com toda ânsia de a manter protegida

e agora a palavra enfim descanssava em paz
em algum cantinho, entre os dentes ou atrás da língua
ficava ali, maturando, pra quando enfim estivesse realmente pronta pra ser dita

05 agosto 2010

inversão de papéis

foto dani barbosa e texto bel acosta
quer uma avalanche de coisas novas, com cheiro de terra molhada, que faça brotar novas flores e eu possa colhe-las frescas. Eu quero ar limpo no rosto, sopros de ventos brandos, leves, sussurantes, quase tímidos e românticos, daqueles que fazem carinho e barulho baixinho e levam as folhas secas pra renovar a vida...