19 noviembre 2010

pro meu passarinho

 

as vezes quero te prender na gaiola

e te deixar ali cantando só pra mim

é tão lindo o bater das tuas asas

as cores que delas ecoam

teu brilho de manhã

teu cheiro de fruta fresca

 

mas logo te olho

e você tá voando!

e lembro

que é por isso que eu te gosto tanto

que passarinho é assim

nasceu pra voar

voa alto

que eu fico daqui só te gostando

25 octubre 2010

a quem interessar possa...

sou romântico, faço tudo errado, nem sei porque continuo tentando…”













trecho da peça Pterodáctilos, peça escrita por Nicky Silver

foto de mari quintão

20 octubre 2010

carta pra mim

a assassina de borboletas sou eu

nós duas somos uma e tantas outras

uma que não tem medo em dizer que assassinava borboletas

e que fazia isso, friamente, usando apenas dois dedos

e outra que nem sabe se isso é algo do qual alguém possa mesmo sentir medo

o medo que tenho agora, é o de não sentir

sentir que foi tudo em vão

que você passou e eu fiquei aqui

que eu fui e te deixei

te separei de mim, como talvez sempre fiz antes

ou ainda que seja a primeira vez, se for

deve ser a última,

não quero mais isso,

não quero mais ser essa,

essa parte do todo que me faz parte,

de agora em diante, quero só as outras partes,

do todo que eu faço parte.

04 octubre 2010

exposed

DSC_0995

ouvi falar em

fronteira

e vi

vi a fronteira

não que a tenha visto de fato

de fato não a vi

digo vi, de ver

de ver não vir

ela chegou e foi

deixou ares de quem ficou

trocou

trocamos

de lado

cruzamos a fronteira

e nos encontramos

para Chris Jatahy, uma artista que me inspira




foto: dani barbosa, arte de Vince Tigre exposta no Arte com Hortelã

http://dagaragem.com/author/vicente/

http://artecomhortela.blogspot.com/2010/09/vince-tigre.html

31 agosto 2010

palavra calada

e ficou ainda uma última palavra
dependurada nos lábios
a pobre palavra, se agarrava com toda força nos últimos fios de cabelo
seus dedos quase escorregavam, mas ela então se segurava com mais força ainda
e não se deixava cair
não se deixava falar
calava-se

foi então que a boca percebendo o desespero da palavra
a engoliu com toda ânsia de a manter protegida

e agora a palavra enfim descanssava em paz
em algum cantinho, entre os dentes ou atrás da língua
ficava ali, maturando, pra quando enfim estivesse realmente pronta pra ser dita

05 agosto 2010

inversão de papéis

foto dani barbosa e texto bel acosta
quer uma avalanche de coisas novas, com cheiro de terra molhada, que faça brotar novas flores e eu possa colhe-las frescas. Eu quero ar limpo no rosto, sopros de ventos brandos, leves, sussurantes, quase tímidos e românticos, daqueles que fazem carinho e barulho baixinho e levam as folhas secas pra renovar a vida...

28 junio 2010

inventário inventado

rosa,

parede escrita,

teto pintado,

macaco pendurado,

filme no ar,

celular descarregado,

wiskie gelado,

feijão congelado,

tempo parado,

almoço aguardado,

arroz requentado,

dia ensolarado,

vizinho enlatado,

primo amado,

irmão exercitado,

ovo algemado,

fotograma pendurado,

passado sonhado,

filme legendado,

amigo saudado,

amor resguardado,

filho esperado,

país clicado,

hoje forçado,

botão emperrado,

corpo deitado,

aquilo superado,

acordo fechado,

negócio lavrado,

abajour rendado,

copo lavado,

ímã colado,

ventilador ligado,

relógio desligado,

espanhol esquecido,

inglês lembrado,

francês pensado,

torcedor sacaneado,

técnico julgado,

objetivo cumprido,

subjetivo comprido,

encontro marcado,

telefonema esperado,

beijo selado,

dinheiro depositado,

cartão pago,

namorado escaneado,

xixi apertado.

ass: aqui agora hoje.

música: ticket to ride.

 

22 junio 2010

ês: a solução

ando pensando no ser

no ser grande ou pequeno

no ser isso ou aquilo

no ser assim ou assado

no ser aqui ou ali ou acolá ou ainda lá

no ser presente ou futuro

no ser forte ou fraco

no ser espanhol ou inglês

ou francês

ou italiano

no ser-me ou ser-te ou ser-los

ou ser ou não ser

mas a questão não é o ou

é o E

(e a música era Bethoven; Violinsonaten Nr.9)

 

19 mayo 2010

artes práticas


vejo uma menina
ela vê uma menina
ela está de costas, tem os cabelos cumpridos e usa vestido
ela sabe que não se vê exatamente como era
mas não se preocupa
pois está criando
a menina que brincava com borboletas começa a nascer
ela está de costas
ainda tem um rosto misterioso
mas ela sabe que virá
mas ela sabe o que ela faz
ela brinca com borboletas
faz os móveis com folhas e o cenário é um belo relógio velho
um desses de medir a luz
é de tijolos vermelhos, e está bem desgastado pelo tempo
na verdade não mede mais a luz
já foi o tempo
é agora apenas um relógio velho que fica ao lado de uma escada grande
que dá acesso ao corredor de um quintal onde ela sabe, existe um pé de goiabas tudo ainda é muito remoto
sabe também que havia uma espécie de brincadeira de feira nesse quintal
e que as pitangas eram vermelhas, ou amarelas, ou verdes
e se podia subir no pé
os galhos eram cobertos por uma espécie de pele, de casca fina, e se descascava
não consegue parar de pensar nas pitangas
quando não está pensando nas borboletas
as mesmas que pegava com os dois pequenos dedos
quando as asas ainda estavam fechadas
quando ainda estava pousada em cima de alguma flor, ou folha
e as folhas
sabia que delas fazia os móveis, mas não consegue se lembrar de todos
sabe que havia a cama, que era uma folha maior, daquelas bem originais, em formato de coração
e sabe também que duas menores eram os travesseiros colocados a cima da cama
e tinha ainda o cobertor
que era uma folha um pouco menor que a da cama e um pouco maior que as dos dois travesseiros
aliás,
acaba de lhe ocorrer que talvez aquela cama não fosse ainda de casal, seguramente era de solteiro
esse fora só um detalhe inventado agora, confundido com o presente
mas se ateu as folhas e as borboletas mas uma vez
sua atenção estava completamente presa aquela menina de cachos castanhos e vestido dourado
que brincava com as borboletas como se estas fossem suas bonecas
não por falta delas como podem pensar alguns
mas sim por uma vontade maior da vida lúdica
mas havia também algo de triste que porém não lhe causara tristeza
mas as borboletas morriam
depois de algum tempo
elas acabavam morrendo
pois eram muito frágeis
(para os enormes pequenos dedos daquela criança humana)
e nas pontas dos dedos ficavam uma pequena quantidade de um fino pó colorido
uma espécie de quase pólem, advindos das asas
de onde os dedos as houvera tocado
mesmo assim pensou que era bonito pensar que a menina não sabia que elas fossem morrer
só queria brincar com elas
e cada uma delas só praticipava da brincadeira uma vez
cada brincadeira da menina com suas borboletas era única.

28 abril 2010

busquei pela inspiração,
encontrei-me comigo,

fui salvar
e enquanto isso deixei rodando

depois de guardado (para usar em preciso momento)
voltei
e quando voltei
mas quando voltei, não!... vocês não fazem ideia
de quando voltei, pois quando voltei:
me deparei
com aquilo que me levava a aquele
mas que ao mesmo tempo depois pensando
remoendo
era também o mesmo aquilo que me repelia
ensurdecendo fortemente


,chega



a imagem é: fotograma extraído do filme "Hotel MOnterrey" de Chantal Akerman


o som era: "Lembrei" de Maurício Baia e Gabriel Moura


ahh!.. e o nome era: "uma coisa leva a outra" por Dani Barbosa


e até o que parecesse erro, não seria, um dia

08 abril 2010

sala de estar (ou de ser) - int/dia

e naquele dia, depois de chorar e ter colo
aprendeu que recebe mais quando se doa
e ao olhar pro lado viu que dois olhos grandes e marrons a fitavam
e com um carinho e uma admiração tão imensos
que teve a sensação de que não precisava de mais nada
por um momento ficou assustada, mas entendeu
que era tanto amor que nada mais importava
nunca mais esqueceria daquele rosto escostado no travesseiro
mirando hacía a ella...

31 marzo 2010

sentir é um fato

hoje escrevo em critério de homenagem
antes que a internet me distraia, a tv me confunda
o dia a dia me sufoque
quero homenageá-lo com minha saudade
ela andou tão quieta que nem sabia que era tanta,
mas foi, é
você foi, mas por algum motivo ficou
não éramos tão próximos, mas éramos
não nos beijamos, mas talvez quiséssemos,
ou não
a verdade é que não sei bem sobre o que fomos
mas o sonho de hoje foi tão concreto
você estava tão presente
conversamos e sentimos tanto
que não há como não acreditar
agora é assim
não sei onde você está
e talvez você tão pouco saiba onde eu estou
mas sei que hoje te amei tanto
e tudo isso transformou tanto meu daqui pra frente
estou segura de que isso merece atenção
por um momento me vem até vontade de lágrimas
mas ela passa por que sei que depois de hoje
algo de novo começou
foi só o primeiro encontro
que levou tempo pra acontecer,
mas se aconteceu é por que levou o tempo necessário
e agora eu sei que podemos nos encontrar sempre que quisermos
naquele lugar chamado sonho
e que não por isso não é verdade
porque afinal de contas,
eu senti, e

"pensar é um ato, sentir é um fato"
Clarice

...dedicado ao Duda, um grande amigo, que se foi, mas ficou...

17 marzo 2010

repaginado

mientras miraba a la tele
no sabia bién quién fuera antes de empiezar
quisiera escribir solo para traicionar
los que nunca se ahogan
estos no son igual que ella
su riesgo era estar en seguridad
pero era lo que queria y sabia hacer
desde hoy fuera otra
le gustava reinventar
pero en fondo sabia que no era
nada de eso
era todo solo mas una
y su amiga llamó en el mobile
todo cambió

21 febrero 2010

cores, só cores!


tomara uma pílula de felicidade

mas entendera que não por isso devesse esperar por um milagre


se fantasiara


e assim houvera ficado colorida


pensou naquele carnaval como um momento de transição


e como fora, ainda era


mas agora havia algo novo


e depois de tantas cores e sorrisos


sabia exatamente o que escolher





era ela denovo


05 enero 2010

foi...

ele era assim, o coração dela, ele mandada nela
ela nada podia fazer
sempre foi assim, e naquela tarde, ela pensou que assim sempre será
ela havia pensado isso, só porque noutro dia ela estava de um lado
um que percebeu que não era o certo
havia escrito sobre coisas vazias
tristes
e derrepente quando se viu, tinha trocado de lado
estava do lado que o coração havia mandando

e olha que nem era disso que ela ia falar naquele momento
ela havia pensado em dizer sobre a lua
amarela numa noite
e amarela com um rasgo preto de nuvem na noite seguinte
foi quando pensou que naquela noite sim
havia pensado que fora um dia com duas tardes
e uma noitona no meio
noitona porque a lua havia sido muito amarela
muito amarela
com um mar embaixo
aquele dia havia sido tudo assim
mesmo
clichê e lindo!

e saudade não sentia mais
foi...
interrompida e perdera o fio da meada
pensou em fio e foi
teve vontade de estar e não de ir
sentiu-se muito explicativa e resolveu parar por ali
mas não conseguia
era mais uma vez o coração
selvagem
mandando nela
a obrigando a ser ela
e como era
era muito
a mesma de 2009
que não gostava de escrever no passado mas não podia
escrever no presente