31 agosto 2010

palavra calada

e ficou ainda uma última palavra
dependurada nos lábios
a pobre palavra, se agarrava com toda força nos últimos fios de cabelo
seus dedos quase escorregavam, mas ela então se segurava com mais força ainda
e não se deixava cair
não se deixava falar
calava-se

foi então que a boca percebendo o desespero da palavra
a engoliu com toda ânsia de a manter protegida

e agora a palavra enfim descanssava em paz
em algum cantinho, entre os dentes ou atrás da língua
ficava ali, maturando, pra quando enfim estivesse realmente pronta pra ser dita

2 comentarios:

Anónimo dijo...

muito bom! é seu?

Ingrid bárcena dijo...

Seria um dos melhores filmes se você levar este poema para um roteiro.